As dores de cabeça são uma das queixas mais comuns na população mundial, afetando pessoas de todas as idades e estilos de vida. Entre elas, destacam-se as cefaleias, que são as dores mais frequentes e podem variar em intensidade e localização, e a enxaqueca, uma condição neurológica mais complexa e incapacitante.
Este artigo detalha as diferenças entre esses dois tipos de dor de cabeça, seus sintomas característicos, fatores desencadeantes e o papel da alimentação no agravamento ou no controle dessas condições.
O que são Cefaleias?
A cefaleia é o termo médico geral para dor de cabeça e engloba várias categorias, das mais simples às mais complexas. As cefaleias tensionais, por exemplo, são as mais comuns e geralmente estão associadas ao estresse, fadiga, má postura, tensão muscular e alterações no sono.
Características da cefaleia comum:
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Dor contínua ou em pressão, frequentemente descrita como “aperto” ao redor da cabeça
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Intensidade leve a moderada
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Geralmente afeta ambos os lados da cabeça
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Pode durar de minutos a horas
Embora desconfortável, a cefaleia comum raramente cause incapacitação total.
O que é a Enxaqueca?
A enxaqueca é uma doença neurológica crônica caracterizada por episódios recorrentes de dor de cabeça intensa, geralmente acompanhada de sintomas associados que impactam fortemente o dia a dia do paciente.
Principais sintomas da enxaqueca:
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Dor intensa, aguda e pulsátil, geralmente localizada em um lado da cabeça
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Náuseas e vômitos frequentes
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Sensibilidade aumentada à luz (fotofobia) e ao som (fonofobia)
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Aura visual: em cerca de 20% dos casos, aparecem distúrbios visuais como luzes piscantes, manchas ou linhas em zigue-zague que antecedem a dor
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Duração que pode variar de 4 horas a 3 dias
Além do impacto físico, a enxaqueca pode causar forte impacto emocional e social, levando à redução da produtividade e qualidade de vida.
Por Que a Alimentação Importa?
Embora ainda não existam alimentos que previnam ou curem definitivamente a cefaleia ou a enxaqueca, vários estudos científicos apontam que certos alimentos podem desencadear ou agravar as crises. Conhecer e evitar esses alimentos é uma estratégia importante para reduzir a frequência e a intensidade das dores.
Alimentos que podem agravar as dores de cabeça:
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Bebidas alcoólicas: O álcool, principalmente vinho tinto e cerveja, pode dilatar os vasos sanguíneos e desencadear inflamação, o que facilita o aparecimento das crises. Além disso, o álcool pode causar desidratação, outro fator que favorece dores.
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Café e chás estimulantes: A cafeína, quando consumida em excesso ou de forma irregular, pode aumentar a irritabilidade dos vasos sanguíneos e provocar dor. Por outro lado, em doses moderadas, a cafeína pode ajudar a aliviar dores já instaladas, mas o abuso é prejudicial.
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Proteínas em excesso: Dietas desequilibradas, com consumo excessivo de proteínas, podem interferir no metabolismo do sistema nervoso, afetando a neurotransmissão e a resposta inflamatória.
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Chocolate: Contém feniletilamina e cafeína, que podem agir como gatilhos em algumas pessoas predispostas.
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Sorvetes e alimentos muito gelados: O choque térmico no palato pode causar a chamada “dor de cabeça do sorvete”, um tipo rápido de cefaleia.
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Mariscos e frutos do mar: Podem conter altos níveis de histamina e outros compostos que provocam dilatação dos vasos sanguíneos cerebrais.
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Queijo curado: É um dos principais desencadeadores da enxaqueca devido à presença da tiramina, um aminoácido que estimula a liberação de neurotransmissores vasodilatadores, provocando dor intensa.
A Substância Tiramina e Seu Papel na Enxaqueca
A tiramina é uma substância produzida durante o envelhecimento ou fermentação de certos alimentos, como queijos curados, embutidos, alguns vinhos e até alimentos fermentados em geral.
No cérebro, a tiramina pode:
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Estimular a liberação de noradrenalina, um neurotransmissor que causa constrição e posterior dilatação dos vasos sanguíneos cerebrais, mecanismo que está ligado à sensação da dor da enxaqueca
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Provocar alterações na transmissão neural que intensificam o desconforto
Portanto, para pessoas com histórico de enxaqueca, a redução ou eliminação do consumo desses alimentos pode ser decisiva para a diminuição das crises.
Estratégias Complementares para Prevenir Crises
Além do controle da alimentação, outras medidas podem ajudar a reduzir a frequência das cefaleias e enxaquecas:
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Hidratação adequada: A desidratação é um fator comum que desencadeia dores de cabeça.
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Sono regular e de qualidade: A privação de sono e os horários irregulares podem agravar o quadro.
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Redução do estresse: Técnicas de relaxamento, exercícios físicos e práticas como meditação ajudam no controle do estresse, importante gatilho para cefaleias.
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Evitar jejum prolongado: Manter uma alimentação regular ajuda a estabilizar os níveis de glicose e evitar crises.
Quando Procurar um Médico?
Se as dores de cabeça forem muito frequentes, intensas ou acompanhadas de sintomas neurológicos (como perda de visão, fraqueza, confusão mental), é fundamental buscar atendimento médico especializado para diagnóstico e tratamento adequado.
Considerações Finais
A cefaleia e a enxaqueca são condições complexas que envolvem múltiplos fatores, incluindo predisposição genética, aspectos neurológicos, emocionais e ambientais. A alimentação desempenha um papel importante no desencadeamento das crises e, ao conhecer os alimentos que podem piorar esses sintomas, é possível adotar estratégias eficazes para diminuir o impacto das dores na vida diária.